quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Será que o problema está mesmo embaixo do travessão? (Parte II)


Continuando...


Após a alteração na comissão de preparação de goleiros do Inter (sai Ilo Roxo, entra Jorge Azevedo), no final de 2008, muitas mudanças aconteceram no gol colorado.


No início de 2009, com a saída de Ricardo (foi para o Fortaleza) e a lesão de Clemer, a direção colorada contrata o goleiro Michel Alves, ex-Juventude. Michel Alves atuou em alguns jogos; não se firmou e acabou indo embora no final do mesmo ano.

No decorrer de 2009, Lauro já não se destacou mais no gol colorado. Ao contrário, falhou em vários jogos importantes do Brasileirão, recebendo muitos apelidos, como mão-de-alface, Horácio etc.. Em razão dessas falhas, o Inter perdeu de conquistar pontos os quais o levariam ao título. (Vide Barueri 1 x 1 Inter, por exemplo)



Em janeiro de 2010, Clemer noticia sua aposentadoria dos gramados. No mesmo dia, Vitorio Piffero anuncia o ex-atleta como preparador de goleiros do Inter, responsável por comandar jogadores como Lauro e Agenor, que eram seus colegas no ano passado, além de Muriel, que retornou de empréstimo.


O Inter inicia este ano com Jorge Fossati de técnico e Clemer como preparador de goleiros.



Poucos dias depois da sua chegada no Beira-Rio, em fevereiro deste ano, Pato Abbondanzieri já estreia pelo Inter: contra o Emelec, pela Libertadores.

Pato, com o cartaz de multicampeão continental e intercontinental, além da indicação de Jorge Fossati, chegou e colocou, imediatamente, Lauro no banco.

O goleiro apresentou problemas técnicos, principalmente em relação ao modo de defender os chutes de longa distância: em dois tempos.

Pouco antes da parada para a Copa do Mundo, após a saída de Fossati, Pato foi cassado do time. Na época, o preparador de goleiros do Inter, Clemer, afirmou que Pato precisava treinar mais um pouco, pois estava tomando muitos gols e ele não tinha tempo para treinar.

Em junho deste ano, Renan retorna ao Clube. A contratação de Renan surge para suprir a carência na posição caso Lauro e Abbondanzieri sejam suspensos pela Conmebol, por causa da confusão entre os jogadores de Inter e Estudiantes, em Quilmes, na Argentina.

Já com Celso Roth de técnico, Renan assume a posição de titular do gol colorado desde a primeira partida da semifinal contra o São Paulo, no Beira-Rio.

No jogo de volta, ele falha no lance que ocasiona o gol do time paulista. Ainda, alguns críticos afirmam que o segundo gol do São Paulo também poderia ter sido evitado pelo arqueiro colorado.

Na final da Libertadores, no México, muitas pessoas culparam Renan pelo gol do Chivas Guadalajara, por estar muito adiantado dentro da área.

Inter é campeao da Libertadores com Roth de técnico e Clemer de preparador de goleiros.

Por fim, no último domingo, a dita “falha” de Renan no gol do Atlético-Go. Em contrapartida, no jogo de hoje, contra o Avaí, o mesmo goleiro fez, no mínimo, três defesas difíceis.

Terminada a história, vamos à reflexão.

Eu não quero criticar o trabalho de nenhum profissional. Eu pretendo colocar dúvidas e interrogações na própria opiniao da mídia, que está atribuindo a situação do gol colorado unicamente aos goleiros.

Eu procuro ver uma tentativa de resposta um pouco mais ampla que essa. Acho que o problema não está ali, e sim atrás disso. Ou, melhor, antes de tudo isso.

O histórico que vimos do Inter, em relação aos profissionais da preparação de goleiros, não é muito favorável no que tange à evolução na preparação de goleiros. De 2008 pra cá o Inter teve três preparadores diferentes.

A saída de Ilo Roxo, multicampeao no Clube, ainda é um mistério.

A admissão de Jorge Azevedo ainda é uma incógnita.

O que Jorge Azevedo fez, senão alterar toda metodologia de preparação realizada pela comissão anterior?!

Todos sabem da importância da manutenção de uma metodologia de trabalho empregada. Alterar, a toda hora, só atrapalha quem está usando desse método.

Até se adaptar ao novo estilo de trabalho aplicado leva-se tempo, para não dizer meses.

A vida de um goleiro não é fácil. Quando o time ganha poucos lembram dele. E quando o time perde todos lembram dele, negativamente. Aliado a isso, a mudança do responsável pela sua preparação danifica (influencia, prejudica), obviamente, no desenvolvimento em campo.

Clemer, por mais que seja um ícone no Inter (e eu agradeço muito a ele por todas as conquistas dadas ao Clube), não tem a mesma dinâmica de preparação de Jorge Azevedo, ou de Ilo Roxo, o último preparador vitorioso no Inter. Afora isso, ainda que ele seja experiente como goleiro, ele não é experiente como preparador de goleiros. E, sim, são coisas diferentes!!!

Eu penso que, se existe culpa e culpados nisso tudo, a atribuição dessa culpa não está relacionada unicamente aos goleiros do Clube. A questão é maior, bem maior que isso. Ela está relacionada a um conjunto de fatores que contribuíram para esse “problema” colocado pelos comentaristas esportivos.

Em minha opinião, dentro desse conjunto há várias questões merecedoras de reflexão. Desde as escolhas dos diretores de futebol do Clube em relação às comissões técnicas até as diferentes metodologias aplicadas à preparação de goleiros; todos os aspectos que abrangem esses dois vetores influenciam no desenvolvimento do goleiro em campo. Culpar exclusivamente o Renan, o Pato ou o Lauro é ignorar tudo o que está envolvido atrás de suas goleiras.

Pois é, Ilo, realmente se está (pelo menos eu) falando de vocês.


Em tempo: será que o “problema” está mesmo embaixo do travessão? Eu acho que não.


(Fonte: sport club internacional; terra; clicrbs; zero hora; globo.com)

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